A opinião de Mark Mobius sobre “um novo modelo para o desenvolvimento da China”

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Nuno Coimbra

Num documento intitulado de “a decisão sobre as principais questões relativas às reformas exaustivamente aprofundadas”, ou simplesmente abreviado como “A Decisão”, a China apresentou recentemente os seus planos relativamente ao resto da década. Nele podem ler-se várias reformas que pretendem colocar os mercados num papel mais central, como reflexo da vontade do Presidente Xi Jinping de querer manter a China num nível de record de crescimento no longo prazo.

Num post do seu blog, Mark Mobius, Presidente da Templeton Emerging Markets é peremptório: “Não esperamos resultados imediatos do documento”. O guru da Franklin Templeton Investments refere mesmo que  apesar de acreditar que as propostas possam efetivamente melhorar as perspetivas de quem investe na China a longo-prazo, os pontos enunciados devem ser vistos apenas como uma “lista de aspirações para o futuro”.

Free Trade Zones: atração de investimento

Um dos pontos do documento que mais chama a atenção do especialista tem a ver com as empresas estatais da China, que Mobius classifica de “centrais para a economia”, mas que podem sofrer mudanças. Segundo o especialista as propostas incluem “planos de abertura e profissionalização no recrutamento das empresas estatais, de forma a que um elemento de capital privado seja introduzido, colocando essas empresas noutras de gestão de ativos, semelhantes à Tamasek de Singapura”.  Como exemplo destas mudanças Mobius fala da “reforma da regulação do combustível, dos preços da água e serviços básicos”, como sendo importante para aumentar o lucro de algumas empresas governamentais.

Classificando a reforma das empresas estatais como um “grande projeto a longo prazo”, Mobius lembra que esta “ideia” aparece na sequência das chamadas “Free Trade Zones” (FTZ), que recentemente foram ajustadas para “Shanghai FTZ”. O especialista assume-se entusiasmado como o “potencial de oportunidades para os investidores que estas FTZ podem trazer, já que podem ser atrativas no que diz respeito à captação de capital, tanto para os estrangeiros, como para os chineses”.

Mais importante de tudo...

Apesar deste ponto das empresas ser importante, Mobius acredita que as mudanças mais significativas inscritas no documento estão ao nível do povo chinês, onde os indivíduos são reconhecidos.  O guru assinala a importância de no documento estar referida a necessidade de redução das desigualdades entre os habitantes rurais e urbanos de forma a facilitar a sua migração para as cidades, ou ainda a centralização dos benefícios fiscais, como por exemplo as pensões, aumentando assim a liberdade de movimento dessas pessoas.