“A MIFID II pode ser uma oportunidade”

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A implementação da MIFID II é para António Mello Campello, managing director na BlueCrow Capital, o principal desafio que a indústria de gestão de ativos enfrentará em 2017, o profissional considera que esta “poderá também ser uma oportunidade”. “Ainda é muito cedo para perceber as implicações destas medidas nos vários países e players, pois pode ter implicações relevantes a vários níveis, quando olhamos para o que aconteceu no Reino Unido, aquando da aplicação das novas medidas na última reforma do modelo de regulação local depois da crise financeira de 2008”, refere.

Precisamente sobre o Reino Unido e o ilustre Brexit, António Mello Campello destaca que apesar de internamente acreditarem “que o ‘não Brexit’ será o mais provável, obrigando eventualmente a um novo referendo, o pior cenário estará já  incorporado nas atuais valorizações”.

Na BlueCrow consideram que “os riscos políticos na Europa continuarão a ser bastante relevantes e centrais, mas acreditamos que tanto na Alemanha como na França, os cenários tenderão a centralizar, através de uma maior intervenção estatal”. Por outro lado, “nos EUA a tomada de posse do Presidente Trump poderá ser seguida de alguma volatilidade nos mercados, o que poderá criar boas oportunidades de compra no mercado americano, em especial no sector tech e retalho”.

“Em termos de taxas de juro, acreditamos numa subida da yield a 10 anos nos EUA para perto dos 3% durante o ano”, enquanto que na “Zona Euro os títulos do tesouro Alemão poderá vir a subir até perto dos 0,75% pelo final do ano,  será pouco provável que vá muito acima deste valor, com uma política bastante acomodatícia por parte do BCE, mesmo após o eventual fim do programa de compras”. No campo das divisas, António Mello Campelo entende que “EUR/USD poderá ir abaixo da paridade, mas será por um curto periodo  de tempo”.

Os mercados de ações e obrigações

Na BlueCrow, mantêm “uma visão bastante positiva para ações europeias e norte-americanas e começará a fazer sentido voltar aos mercados emergentes” sendo que “a França, Alemanha e Espanha poderão ser os mercados mais interessantes”. “Nos EUA o sector de tech e retalho poderão ser relevantes,  os consumidores da geração post 90s serão os mais relevantes nos próximos 20 anos e estão ainda pouco representados na Europa (em quotas de compras totais, dada a fragilidade do mercado de trabalho jovem)”, refere o este profissional.

Já nas obrigações, a casa de investimentos mantém um foco grande no segmento high yield, em especial no norte-americano, “onde o pricing de risco é mais natural e a liquidez de mercado mais relevante”. “Os principais focos nesta classe de ativo serão as obrigações de empresas químicas e ligadas ao sector do petróleo”, enquanto que na Europa, veem o sector de obrigações convertíveis como um segmento “bastante interessante e no high yield podemos ver ainda algumas oportunidades interessantes, mas com maiores riscos de repricing”.

Estratégias para 2017

Com a convicção que “o investimento por benchmarking trará menos benefícios que uma gestão mais focada nas empresas e no seu desenvolvimento, em especial numa época de mudanças tão relevantes nos padrões de consumo”, a BlueCrow elegeu três estratégias para navegar os mercados agitados em 2017. O Jupiter Dynamic Bond, (Fundo ABC Funds People) “pelo seu foco global no mercado de obrigações, podendo investir nas mais diversas geografias com uma visão Macro”. Destacam também o fundo Ferox Salar “pelo foco em convertíveis e visão muito específica do gestor na componente destes activos ligada ao mercado de obrigações”. Por fim, dão realce ao Jupiter European Growth (fundo com selo Consistente e favorito dos Analistas) pela “visão do gestor e o enfoque grande nos sectores que menos beneficiaram de uma estabilização da economia durante 2016, mas com uma forte orientação sobre as empresas, os seus mercados e perfis”.