A fraqueza alemã e o destino da Suíça

O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa as suas previsões para a economia mundial, e voltou a apontar as fragilidades da Zona Euro e sugere que devem ser utilizados mais meios para aliviar as dívidas dos países Europeus. 

Aumentar o potencial de crescimento e a inflação são grandes desafios para a Europa e além de sugerir ao BCE "fazer mais" refere que a Alemanha deve apostar mais no investimento público e promover reformas na regulação do sector de serviços.

Após mais uma revisão em baixa das previsões económicas o FMI reduziu as suas expectativas para o crescimento potencial a longo prazo, e volta a insistir para que os países levem a cabo reformas estruturais que sustentem a recuperação. ​Tensões geopolíticas, estagnação das economias mais avançadas e abrandamento nas economias dos países emergentes são a tónica para este ano.​

A Alemanha, o alegado motor da economia Europeia parece estar a andar a uma velocidade cada vez menor​ e começa a colocar em causa o projecto Europeu. ​Depois dos maus dados referentes ao PIB do 2º trimestre de 2014, a maior parte dos analistas previa que o 3º trimestre conseguisse superar esses dados. 

Nada mais errado, ​no terceiro trimestre a economia Alemã deu novamente sinal de fraqueza com as encomendas à industria em agosto a descerem para níveis de agosto de 2009. Excessivamente dependente das exportações, a economia Alemã sofre se a procura externa, principalmente da China e dos Estados Unidos abranda (só para esses dois países as encomendas desceram 9.9%). As minutas da Reserva Federal fizeram o Euro/Dólar subir um pouco mais de uma figura, de 1.2650 para 1.2770, com o Banco Central a apontar a fortalecimento do Dólar e o abrandamento global como ameaças para a recuperação económica Americana. 

Na Suíça vão votar no próximo dia 30 de novembro para "Save the Swiss Gold Initiative". Os bancos centrais têm adoptado medidas não convencionais para estimular a atividade económica. As duas maiores "armas" usadas são a compra em larga escala de ativos (quantitative easing) e a manutenção de taxas de juro baixas (forward guidance, mas o Banco Central Suíço enfrenta uma situação especial com a sua divisa a apreciar-se fortemente. 

Em setembro de 2011 estabeleceu o patamar mínimo face ao Euro reduzindo assim o risco de deflação e garantindo estabilidade nos preços. Esta flexibilidade na utilização da política monetária pode ficar afectada por esta "iniciativa ouro", que visa garantir que uma parte das reservas do Banco da Suíça irão ser em ouro, combinando também com o impedimento de vender ouro.

Se o "sim" vencer o SNB irá dobrar as suas reservas em ouro ou vender metade das reservas em moeda estrangeira. Talvez uma mistura dos dois seja a solução a adoptar. Dada a histórica correlação entre o ouro e o CHF, se o "sim" vencer a política monetária seguida pelo SNB vai ser posta em causa e terá claramente um impacto na cotação mínima do EUR/CHF defendida.

Nas vésperas do referendo é natural que a volatilidade aumente significativamente e irá limitar a potencial depreciação do CHF a curto prazo.

(Imagem: bukk05, Flickr, Creative Commons)