A estratégia da Franklin Templeton no universo das obrigações globais

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-Tico-, Flickr, Creative Commons

Os últimos dias foram de decisões importantes para os principais Bancos Centrais. A Fed pôs termo ao seu programa de estímulos, enquanto o Japão, em sentido contrário, ampliou precisamente o seu pacote de compra de ativos.

Perante este “reboliço”, a Franklin Templeton Investments fez um ponto de situação das principais posições macroeconómicas que podem afetar a categoria de obrigações globais. Michael Hasenstab, representante do Franklin Templeton Fixed Income Group, considera que o incremento do Quantitative Esasing levado a cabo pelo Japão – de 50 biliões de ienes para 80 biliões – “é necessário para financiar a emissão de dívida do Estado”. “Num cenário de população envelhecida, e que continua a envelhecer, é difícil emitir um tipo de dívida que historicamente se colocava internamente”, refere o profissional.

Logo após ser conhecida a decisão do Banco do Japão, ficou também a saber-se que o Fundo de Pensões do Governo tinha mudado a sua alocação drasticamente, aumentando o peso de ações e de ativos de risco. Para Michael Hasenstab, “se a política Abenomics foi feita para aumentar a inflação, tem que se aumentar também as posições em ativos que respondem a esse contexto”, diz, pois acredita que “o QE em conjunto com as mudanças nos esquemas de pensões, são positivos para as bolsas e para os ativos de risco”. Acrescenta que  esse positivismo irá melhorar o sentimento económico, sendo o contexto ideal para que se “levem a cabo reformas estruturais necessárias, numa economia como é a japonesa”.

Improvável hard landing chinês e bom desempenho do BCE

Relativamente à China o responsável entende que apesar do seu crescimento ter abrandado, a taxa de 7% que vigora atualmente, “fornece mais crescimento nominal do que os 12% de há 8 anos atrás”. Consideram que a economia chinesa irá sofrer cada vez mais com os ciclos económicos, mas, ao mesmo tempo, não vislumbram um “hard landing”.

Tendo em conta as limitações que o BCE enfrenta em termos de política económica, na opinião de Michael Hasenstab, o Banco “tem feito um bom trabalho”. No entanto, o crescimento da região “deverá aparecer por via das reformas estruturais feitas em cada um dos países (França, Itália...)”. Um dos grandes problemas da Zona Euro, dizem, é “essa falta de flexibilidade e união na hora de tomarem decisões importantes”.

Estratégia e posicionamento

Os fundos de obrigações globais da Franklin Templeton não ficaram imunes à onda de volatilidade que atingiu o mercado. “O nosso trabalho é diferenciar o “ruído” do curto prazo dos drives fundamentais de longo prazo”, infere o especialista. Atualmente em termos desta classe de ativos, ao nível das durações, a entidade opta por durações curtas. “Por causa das taxas de juro extremamente baixas queremos ter uma exposição muito pequena a taxas de juro”.

Ao nível de geografias, a sobreponderação é selectiva em emergentes, sendo selecionadas “as melhores rentabilidades, sem ser preciso ter um risco excessivo ao nível da duração”. Em termos de moedas, estão curtos em Euros face ao Dólar, já que na "Europa, com ou sem QE, as taxas vão permanecer baixas durante muito mais tempo". Da entidade indicam ainda que estão curtos em Ienes face Dólar, porque "o Japão acabou de embarcar num plano expansivo".