“A China é o grande elefante na sala”

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Apesar de estar do outro lado do mundo, o mercado asiático continua a ser importante para os investidores. Isto é verdade, sobretudo devido à China e ao aumento da sua importância na economia mundial. Por exemplo, nas últimas perspetivas publicadas pelo FMI para os mercados asiáticos, com exceção do Japão, o crescimento previsto é de 6,4% para este ano e de 6,3% para 2017. Se olharmos para a China o crescimento previsto para 2016 é de 6,5% enquanto que na Índia a previsão é de 7,5%. E é precisamente nestes dois países que Christopher Chen, product specialist da Mirae Asset, se focou na sua apresentação em Lisboa, em meados de junho.

Apesar do seu foco no mercado asiático, o especialista sublinhou que na Mirae Asset “têm uma visão muito top down do mundo e não só da Ásia”. Neste foco, o profissional da entidade, com sede na Coreia do Sul, refere que “existem algumas preocupações neste momento, nomeadamente no que diz respeito à China e também sobre a questão do Brexit no Reino Unido”.

Copo meio cheio ou meio vazio

Sobre as ações asiáticas, Christopher Chen esclarece que “não existem nem boas nem más noticias”. Tudo parece estar estabilizado no continente. De acordo com o product specialist, haverá espaço para a flexibilização monetária por parte dos bancos centrais. Já sobre os preços das commodities, refere que “os preços baixos são muito positivos para o continente, com o preço do petróleo abaixo dos 50 dólares a médio prazo”. Relativamente ao dólar, “a sua subida poderá ser uma forma de ‘aperto’ às economias locais”, sendo que isto já tem vindo a acontecer ao longo dos últimos tempos. Num aparte, o profissional falou ainda no mercado norte-americano onde não espera “mais de duas subidas de taxas de juro este ano”.

China: o grande elefante na sala

Sobre a questão da China, Christopher Chen foi mais incisivo. “Para nós, a China é o grande elefante na sala”, revelou de forma peremptória. “É onde nós temos a nossa maior preocupação, sendo claro que o crescimento está a desacelerar.”

Na China os “dados económicos de curto prazo mostram um melhoramento no reaprovisionamento” a montante, e ainda um crescimento de crédito a jusante. O profissional deu destaque também ao facto de o “consumo ser uma história secular”, com os salários a subir e as empresas a aumentar a sua produtividade.

Sobre a moeda, o especialista da Mirae Asset afirma que, “acredita que irá estabilizar durante este ano”.

Já em termos sectoriais, o product specialist da Mirae Asset revela que segmentos como a “saúde, seguros, energias limpas, internet e viagens são os melhores nestes momentos”, contrapondo com o “aço, cimento, bens de capital e ainda o sector financeiro”.

Olhos postos na Índia

Virando as atenções para a Índia, Christopher Chen revela que o país “está muito overweight nos portfólios”.

Sobre o país, o profissional destaca o foco do governo com o slogan “mínimo governo, máximo governança”. Além disso, também a queda da inflação e a política monetária favorável “vão ajudar o crescimento do país”. Junta-se a isto os “bons resultados das empresas” e ainda o facto “das boas monções ajudarem a reavivar a atividade económica no meio rural”.

Com isto a Índia está a ir na direção correta, com o crescimento do PIB previsto para 2017 a ser de 7,5% para o FMI, um dos maiores incrementos mundiais para o próximo ano.