A árdua decisão dos mercados emergentes

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Elai Gacad, Flickr, Creative Commons

O último relatório da UBS Global Asset Management sobre os emergentes, recorda uma metáfora já utilizada por Joshua McCallum e Gianluca Moretti, os dois economistas da entidade, num “Economist Insights” do início de setembro passado. Em “jeito” de aviso os especialistas já denunciavam algum desconforto dos emergentes.

“Quando se está a guiar uma bicicleta ou em cima de um skate, não há pior sensação do que a de uma oscilação que indica que as rodas se estão a começar a soltar. Pior ainda é o sentimento de estar “atrelado” a um carro em movimento enquanto isso acontece”. Esta é a analogia já utilizada anteriormente pelos dois especialistas da entidade, que indicam o movimento de “skitching” (ir à boleia de um carro em movimento) como algo perigoso no caso dos Mercados Emergentes, que nas últimas semanas sofreram por estarem “atrelados à política monetária flexível da Fed, e de outros bancos centrais dos mercados desenvolvidos”.

Felicidade que acaba mal

Os dois economistas da UBS Global AM seguem dizendo que alguns mercados emergentes foram aproveitando a liquidez global vinda do Quantitative Easing, que impulsiou alguns inflows nesses mercados. No entanto, “esta situação apenas é divertida durante algum tempo, porque depois acaba sempre em lágrimas”. “O financiamento externo barato e um défice em conta corrente, significam normalmente condições financeiras de perda e, consequentemente, um rápido crescimento do crédito”, dizem os especialistas.

Perante estas condições parece óbvia a posição dos investidores: “assim que as condições melhorem nos mercados desenvolvidos, com os seus ativos a começarem a ser mais atrativos, os investidores vão dirigir-se para a saída dos emergentes”, avisam.

Das duas uma...

Os países mais expostos, dizem Joshua McCallum e Gianluca Moretti, são aqueles que estão mais dependentes dos fluxos de carteiras externas. Neste caso, Argentina, Indonésia, Rússia, África do Sul, e também Brasil e Turquia são apontados como sendo os casos mais "flagrantes".

A solução para os mercados emergentes é dupla: ou “seguram-se” aumentando as suas taxas de juro, ou então enveredam pela desvalorização da moeda. No entanto ambas as escolhas vão ser dolorosas. “Nenhuma das duas opções é feita sem sofrimento”, dizem.